domingo, maio 07, 2006

Israel,rabinos e imãs.


O rabino-chefe de Israel, Yona Metzger, pediu a criação de uma "Organização das Nações Unidas de grupos religiosos". A proposta para a criação de um organismo internacional com representantes das principais religiões do mundo foi feita em discurso no Congresso Internacional de Imãs e Rabinos para a Paz, em Sevilha, na Espanha em de março de 2006.O Imã (sacerdote islâmico ) de Gaza, Imad al-Faluji, afirmou que políticos mentem, mas líderes religiosos têm um objetivo diferente - trabalhar para um bem maior . Quando Metzger comentou que os Imãs não enfretam Osama Bin Lader,l íderes islâmicos moderados , presentes ao encontro, acenavam com a cabeça manifestando acordo.

Mas ao analisarmos os fatos nos últimos anos, observamos que há imãs e ayatolás que condenam artistas e intelectuais, quando discordam de suas idéias, mas mantém silêncio ao observarem atos de terror. O escritor Salman Rushdie, por mais de 01 década viveu fugindo, pois foi condenado pelo Ayatolá Khomeini a morte. Recentemente o cineasta holandês Van Gogh, foi assassinado por um fanático islâmico, pois seu documentário foin consideradon ofensivo e um imã o condenou a morte. A autora do roteiro, que trata da mutilação sexual de mulheres, ela mesma vítima de tal violência, também foi condenada a morte. Não me recordo do nome da mesma, mas ela fugiu de seu país na África e na Holanda,desenvolveu uma vida acadêmica e luta pela dignidade da mulher muçulmana.
Em Israel, observamos nos últimos anos , atos terroristas, homens-bombas, iludidos pelo discurso pseudo-religioso, de que serão resgatados ao paraíso por 04 anjos, onde virgens os esperam para uma vida de delícia. Novamente o silêncio.
Irã, república de Ayatolás, recentemente declarou que enviará ajuda financeira ao governo dos terroristas do Hamas. Este por seu turno, declara que seu objetivo será eliminar Israel do mapa.
Esperemos que os Rabinos e Imãs que se reuniram em Sevilha, possam exercer sua influência benéfica e propiciar uma esperança de Paz ao Oriente Médio e ao Mundo.

sábado, abril 29, 2006

Yom Hashoa na Sociedade Israelita da Bahia





Dia 27 de Nissan de 5766, que começou no pôr-do-sol de 24 de abril de 2006, a Sociedade Israelita da Bahia, fez o seu ato de Yom HaShoa, dia do Holocausto. Numa cerimônia comovente, com a participação do coral " Vozes do Holocausto", sob direção do maestro Cícero Alves, prévia do espetáculo que será apresentado no Teatro Castro Alves no final de maio, além de leituras relembrando a vida no Ghetto de Varsóvia.
Emocionamo-nos lembrando todos aqueles que tiveram suas vidas exterminadas, apenas pelo fato de serem judeus. Fotos da época, entre elas fotos de Anne Frank, faixas de luto com os nomes dos campos de concentração...
Certa feita,perguntaram ao famoso caçador de nazistas, Simon Wiesenthal( 1908-2005), o porque dedicara toda sua vida a perseguição dos criminosos nazistas e meticulosa documentação do holocausto; Wiesenthal respondeu : " Você acredita em Deus e na Vida após a morte. Eu também acredito. Quando nós formos para o outro mundoe encontrarmos os milhões de judeus que morreram nos campos, eles nos perguntarão 'o que você fez','existirão muitas respostas'. Você dirá , ‘ Tornei-me joalheiro,’ Outro dirá, ‘ eu construi casas,’ mas eu direi, ‘ Eu não esqueci de vocês’."
Acho que este tipo de declaração, explica a criação da data, nos anos 50 em Israel, inspirando-se na data do levante no ghetto de Varsóvia, que deflagrou uma onda de pequenas oposições disseminadas ao nazismo. Não devemos nos esquecer, em honra a todos os que tiveram suas vidas ceifadas naquela noite da humanidade, como definiu o escritor judeu Elie Wiesel, que por seus esforços humanitários em prol da coexistência pacífica e do combate ao genocídio, foi laureado com o Nobel da Paz, em 1986. Wiesel, escreveu :

Deixe-nos lembrar, deixe-nos lembrar os heróis de Varsóvia, os mártires de Treblinka,as crianças de Auschwitz. Eles lutaram sós, eles sofreram sós, eles viveram sós, mas eles não morreram sozinhos, pois alguma coisa em todos nós morreu com eles.







Fotos:
1-Ciganos em campo de concentração.
2-Humilhação pública do Rabino de Lodz, pelos nazistas.
3-Mãe e crianças indo ao campo de concentração.
4-Saindo para o Ghetto.

As fotos foram retiradas do site do Yad Vashem, museu do Holocausto em Jerusalém, um ótimo recurso para todos os quiserem se aprofundar nos estudos do holocausto.


sábado, abril 22, 2006

YOM HASHOA: DIA DE RELEMBRAR O HOLOCAUSTO








Neste 24 de abril de 2006, será o Yom Hashoa, dia de relembrar o Holocausto, Shoá em hebraico. Para que lembrar tanta dor e monstruosidade? Não seria melhor deixar os anos apagarem os tristes traços daqueles anos ?
Lembrem-se do presidente do Irã apregoando para as multidões , hipnotizadas pelo ódio, que o holocausto não ocorreu, que é um golpe de marketing, para justificar a criação do Estado de Israel. Dos historiadores revisionistas que defendem o mesmo ponto de vista, aliás um deles acaba de ser condenado na Áustria. Dos terrorista palestinos fazendo apologia ao anti-semitismo ( na realidade anti-judaísmo, pois eles mesmos são semitas).
Lembrem-se dos "carecas" ,dos Skinheads, perseguindo, espancando nas capitais brasileiras, negros, nordestinos, judeus e homossexuais.
Lembrem-se que foram vítimas do holocausto além dos 06 milhões de judeus, outros tantos milhões de ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais, deficientes físicos e mentais.
Lembrem-se de neonazistas estampando a suástica em camisas negras de darks,punks,góticos, com a maior naturalidade. Dos muros pixados com símbolos e frases nazistas.
Lembrem-se para que não precisemos repetir a história de sofrimento, escuridão e medo.

sexta-feira, abril 21, 2006

Um Tributo ao Rabi Heschel



Abraham Joshua Heshel,nasceu em 1907 em Varsóvia,Polônia, em uma família de linhagem Hassídica. Órfão muito cedo,estudou com fervor a Torah, a kabbalah e o Hassidismo. Em sua juventude recebeu educação rabínica tradicional em um Yeshiva( "seminário"), onde recebeu sua ordenação rabínica (smicha ).
Foi a Alemanha, onde estudou na Universidade de Berlin,onde concluiu seu doutorado,tornando-se depois professor,na mesma universidade. Estudou ainda no Hochschule fuer die Wissenschaft des Judentums, seminário rabínico liberal em Berlin, onde recebeu uma segunda ordenação rabínica .Mais tarde lecionou sobre o Talmud neste seminário.
Em 1937, Martin Buber, o grande filósofo judeu emigrou para Terra Santa , nomeando-o como seu sucessor no Lehrhaus em Frankfort, instituição prestigiada, local onde muitos intelectuais judeus estudaram e atuaram. Lerhaus era a principal instituição educacional e cultural para ensino de adultos na comunidade judaica da cidade.
Com a Ascensão do Nazismo, Heschel foi deportado para Polônia em 1938.Ensinou na Polônia e na Inglaterra,emigrando em 1940 para os EUA.
Nos Estados Unidos, lecionou no Hebrew Union College,em Cincinatti. Neste seminário de orientação reformista Heschel não se sente tão confortável, pela não observância da Hallacha, a lei judaica. A partir de 1945 até sua morte , lecionou no Jewish Theological Seminary (JTS) ,em Nova York, centro intelectual do movimento conservador nos Estados Unidos, embora ele mesmo não se atribuisse nehuma denominação . No JTS leciona Ética judaica e misticismo.

Para o Rabi Heschel assuntos de Fé não estavam dissociados das pessoas e do mundo ao seu redor, coerente com seu interesse especial pelos Profetas Hebreus. Na antiguidade do Judaísmo, os Profetas foram a Voz da Consciência e da Moral do Povo em sua luta contra a Dominação e a Tirania . Nos anos 60 participa ao lado de Martin Luther King, nos movimentos pelos direitos civis dos negros. Declarou sobre sua marcha ao lado De Luther King (imagem ao lado ), em Selma,Alabama : " Em Selma, meus pés estavam rezando". Opondo-se a guerra do Vietnã, conclamou : " Falar de Deus e silenciar-se sobre o Vietnã é blasfemia. "
Reuven Kimelman,Professor da Universidade Brandeis escreveu sobre ele:
"Abraham Joshua Heschel viveu seu nome. Como Abraham ( Abraão ), ele possuia aquela distinta combinação de compaixão e justiça. "Ele manteve o caminho do Senhor fazendo o que era justo e correto." Arriscou sua vida, sua reputação, o afeto de seus colegas e amigos para lutar pelos desfavorecidos deste mundo. Ao mesmo tempo ele podia rezar por e até mesmo perdoar aqueles que o ofenderam. Alguns o chamavam Pai Abraham.
Como Joshua( Josué ) ele lutou as batalhas do Senhor. Atacou o anti-Semitismo com cada fibra de seu ser. Ele opôs o nihilismo com um sentido de valores quase embaraçoso. Ele enfraqueceu o ateísmo com as palavras do Deus Vivo que ardeu nos corações dos ouvintes. Ele atacou o racismo com um senso de dignidade humana que bloqueou o ódio (...)
Como Heschel, finalmente, era descendante do Apter Rav, Avraham Yehoshua Heschel, conhecido como Ohev Yisrael, Amante de Israel. Tal amante do sagrado , do humano e do divino(...) ".
Heschel foi uma figura de extrema importância no diálogo interreligioso, tendo se encontrado com o Papa Paulo VI e em consequência o Concílio Vaticano II, fez declarações de apoio ao povo judeu e ajudou no combate aos estigamas anti-semitas, presentes na cristandade.
Em 1970,convidado a falar no Union Theological Seminary,instituto teológico cristão,inicia sua exposição com as seguintes palavras:
"Falo a vocês em nome de uma comunidade cujo fundador foi Abraão e o nome do meu mestre é Moisés(...) Fala a vocês alguém que pôde deixar Varsóvia, 06 semanas antes do começo da destruição.O destino da minha viagem foi Nova York, porém poderia ter sido Auschwitz ou Treblinka. Sou um lenho resgatado do fogo que calcinou me povo. Sou um lenho salvo do fogo acesso junto ao altar de Satanás."
Sua obra é bastante abrangente,versando sobre a bíblia, várias escolas de pensamento judaico até estudos sobre o misticismo judaico e o Hassidismo.
O trecho a seguir foi extraído do seu Livro " O Shabat-seu significado para o homem moderno":
" Com toda sua grandeza o shabat não se basta a si mesmo. Sua realidade espiritual clama pela companhia do Homem.Há uma grande aspiração no mundo. Os seis dias tem necessidade de espaço;o sétimo dia tem necessidade do homem. Não é bom que o espírito permaneça só, por isso,Israel foi destinado a ser um cônjuge do Shabat."
Para Heschel, Deus não é uma abstração filosófica e sim Uma Realidade Viva, a Divindade Pessoal dos Patriarcas Abraham, Isaac e Jacob. As idéias de Heschel sobre a oração ,sobre o Espanto Radical diante do Sagrado, a presença do Eterno no dia a dia, originam suas raízes no hassidismo. A comparação entre as fontes hassídicas e o pensamento de Heschel clarifica a importância do misticismo na sua obra.
Entre os seus livros destacam-se
The Sabbath (1951)( Schabbath.Ed. Perspectiva ), Man Is Not Alone (1952), Man's Quest for God (1954), and God in Search of Man (1956). The Prophets (1962), Who Is Man? (1965), Israel: An Echo of Eternity (1969), and A Passion for Truth (1973).

" Nós que trabalhamos e lutamos incessantemente para entender os átomos e as estrelas, falhamos em compreender o que significa ser um Homem. Ou será que alguma vez já conseguimos compreender o que significa ser um Judeu? Dando ouvidos ao passado, sintonizados com a luta de nossos ancestrais, percebemos que ser judeu é manter a alma limpa e aberta para que a corrente desta luta possa fluir e então D´us não poderá envergonhar-se de Sua Criação."

Heschel faleceu em 1972.

Referências:
  1. Kimelman,R. ABRAHAM JOSHUA HESCHEL: OUR GENERATION'S TEACHER.
  2. Gilman,N. Conservative Judaism.
  3. Rabbi Samuel M. Stahl.The Legacy of Abraham Joshua Heschel.
  4. Leone, A. A Oração como Experiência Mística em Abraham J. Heschel
  5. Heschel,A.J. O Schabatt.
  6. Cherbonnier,EL. DIVINE PATHOS AND PROPHETIC SYMPATHY
  7. Heschel. Deus em busca do Homem. 2006. Ed. ARX.




quarta-feira, abril 19, 2006

Meu Caminho ao Judaísmo


Apaixonar-se pelo judaísmo,vivenciá-lo, estudá-lo ...entendê-lo. 
Este é o  meus caminho para o diálogo com mais antiga religião monoteísta do mundo. Que como coisa viva se mantém e se renova e inova!
Dialogar. Tentar ouvir. 
Lembrei-me outro dia do escritor,poeta e jornalista americano Julius Lester, no documentário " Jews Americans".Julius,um ativista negro americano, que se converteu ao judaismo, comenta que uma religião em que contestar  e debater é uma rotina,rezar se faz cantando  e estudar é uma atividade religiosa,  existe algo melhor ? Gosto muito deste trecho da obra de Lester ou melhor Yaacov Daniel  seu nome judaico:

"In the winter of 1974, while I was on retreat at the Trappist monasteryin Spencer, Massachusetts, one of the monks told me, "When you know the name by which God knows you, you will know who you are."
I searched for that name with the passion of one seeking the Eternal Beloved. I called myself Father, Writer, Teacher, but God did not answer.
Now I know the name by which God calls me. I am Yaakov Daniel ben Avraham v'Sarah.
I have become who I am. I am who I always was. I am nolonger deceived by the black face which stares at me from the mirror.
I am a Jew."
ou em tradução livre:
"No inverno de 1974,enquanto estava em um retiro em um mosteiro Trapista (budista) em Spencer,Massachusetts,um dos monges falou-me," quando você souber o nome pelo qual Deus lhe conhece,então você saberá quem é.
Eu busquei por este nome com a paixão de um buscador pelo Amado Eterno. Eu me chamava de Pai,Escritor,Mestre,mas Deus não respondeu.
Agora eu sei por qual nome Deus me chama. Sou Yaakov Daniel ben Avraham v´Sarah.
Eu tornei-me o que eu sou. Eu sou o que sempre fui.
 E não mais me deixo enganar pela face negra que me olha frente ao espelho.
Sou um judeu"
Demais!