domingo, agosto 30, 2009

EINSTEIN E SPINOZA- UM DIÁLOGO



Einstein descreveu em suas Notas Autobiográficas ,que recebeu lições religiosas dos 11 aos 12 anos de um familiar. Pela primeira vez na vida ele aprendeu sobre a fé judaica e a abraçou ao extremo: queria seguir o Kashrut e estudou a Bíblia com fervor,o que deve ter preocupado seus pais assimilados e não-religiosos. Este fervor no entanto durou pouco,assim que ganhou um livro de ciência, o entusiasmo inicial se dissipou. O resto da história conhecemos um pouco,sua notável carreira como cientista.

Einstein no entanto progressivamente reganhou um orgulho e respeito pela identidade judaica. Em 1914,ao se convidado a visitar a Rússia rejeitou,alegando que neste país “ os judeus são brutalmente perseguidos”. Logo descobriu que a herança judaica o definiria aos olhos dos europeus. Isto aumentou o seu orgulho de sua condição judaica. E embora tenha recebido muios ataques devido a sua condição de judeu,isto só fez aumentar seu orgulho e Einstein passou mais e mais a discutir assuntos judaicos e participar de campanhas sionistas. Embora sua relação com o judaísmo tenha se incrementado com o passar dos anos,nunca se tornou observante,porém declarou que se tivesse nascido nas pequenas cidades da Europa Oriental,teria se tornado um Rabino- os desafios intelectuais da tradição judaica o teriam satisfeito como fez a ciência. Aqui encontramos o encontro com o filósofo Judeu de origem português Baruch Spinosa ( 1632-1677),que Einstein declarou ser seu filósofo favorito. Ambos eram judeus respeitados ,educados e intelectualizados, e com treinamento na mentalidade científica. Os pontos de vistas de Spinoza sobre D'us atraiam Einstein: Em 1929 em resposta ao rabino Herbert S. Goldstein,de Nova York, escreveu “Acredito no D'us de Spinoza que se revela na Harmonia ordenada do que existe...” A ideia de D'us para Einstein era assim relacionada a de Spinoza. Spinoza não acreditava em um D'us pessoal,mas que a Natureza era Ela Mesma uma manifestação do Divino-um conceito conhecido como Panteísmo. Einstein às vezes era ambíguo sobre esta noção: “ Não sou um ateu,mas penso que não posso me denominar panteísta. Sou fascinado pelo panteísmo de Spinoza,mas admiro ainda mais suas contribuições para o pensamento moderno,porque ele foi o primeiro filósofo a lidar com a Alma e Corpo como uma coisa só e não duas”.

Para conhecer melhor este diálogo entre duas das maiores mentes judaicas de todos os tempos ( embora extremamente mal compreendidos),que estou ansioso para conhecer o livro “Deus ou seja Natureza”,do nosso amigo Roberto Ponczek,cujo lançamento se aproxima- 03 de setembro. Ponczek se debruçou por cerca de 06 anos para nos brindar com esta reflexão. Certamente Spinoza ganha uma importante oportunidade para esclarecer suas idéias e Einstein a de ser menos incompreendido. Um diálogo de amigos separados no tempo por 03 séculos,mas próximos na discussão de assuntos sobre D'us,o tempo e a natureza.

quinta-feira, agosto 13, 2009

A bandeirinha e a Razão de Ser.


Certo dia colei um, adesivo com a bandeira de Israel no meu carro e uma amiga me disse que era “coisa de goy”. Na época fiquei meio desconsertado, mas mantive a bandeirinha. Hoje, quase 02 anos depois, apagada a bandeirinha, senti falta da mesma e refleti um pouco sobre o episódio. O quanto da identidade judaica na diáspora pode estar dissociado da existência do Estado de Israel? O pensador Judeu-britânico Isaiah Berlin era um defensor visceral da identidade judaica e se questionava do que adiantava se julgar judeu se isto não estiver aliado à defesa do direito de existência de Israel? Claro, que isto não implica na defesa do governo, que numa sociedade democrática, é transitório, como, aliás, deve ser.

Cito um trecho de o seu livro Poder of. Ideas: “O futuro dos Judeus reside no Estado de Israel. O valor da diáspora consiste somente, portanto, na quantidade de apoio que pode oferecer ao novo Estado, ainda confrontado com muitos perigos. Enquanto as comunidades judaicas fora de Israel servirem para apoiar Israel tem uma razão se ser.”.

Penso que a minha bandeirinha simboliza a disposição de cumprir tal razão de ser.
Encomendei outra.


ROGÉRIO PALMEIRA