Lendo um poema do meu amigo Nilson Galvão ,com toda certeza um grande poeta,com título de "Deus um delírio",inspirado creio no título do livro do ateu fundamentalista e darwinista Richard Dawkins,me lembrei de um trecho do livro” Porque a Religião é importante “, página 36,1a. edição,do estudioso das religiões,Huston Smith,feito em referência ao cientista E. O, Wilson, que creio se aplica também a esta declaração,segue:
“ Lendo-o descobri na página 286 que as pessoas seguem uma religião porque a religião “é mais fácil” que o empirismo. Isso me deixou perplexo e provocou uma reação que serei sincero o bastante para expor.Sr. Wilson:
Quando o senhor tiver resistido a um O-sesshin de oito dias num mosteiro Zen sentado na postura seiza,imóvel durante doze horas diárias,só podendo dormir três horas e meia por noite até que a privação de sono e a falta de sonhos provoquem uma psicose temporária( o meu próprio eu indefínivel);
Quando o senhor tiver participado de quatro retiros das chuvas no Insight Buddhist Meditation Center,em Barre,Massachusseetts,ficando um ano inteiro sem ler,escrever,falar e com os olhos sempre baixos ( minha mulher);
Quando o senhor tiver quase morrido devido aos rigores suportados antes de alcançar a iluminação debaixo de uma árvore Bo na India;
Quando o senhor tiver sido crucificado no Gólgota;
Quando o senhor tiver sido lançado aos leões no coliseu romano;
Quando o senhor tiver estado num campo de concentração e conservado algum grau de dignidade através de sua fé;
Quando o senhor tiver dado sua vida para possibilitar uma morte digna s muheres desabrigadas e indigentes retiradas das ruas de Calcutá(Madre Teresá) ,ou tenha praticado o equivalente com os pobres da cidade de Nova York(Dorathy Day);
Quando o senhor Wilson,tiver passado por qualquer dessas experiências,aí então o senhor estará em condições de falar sobre a facilidade da religião em comparação aos ardores do empirismo” (
Acrescentaria ao senhores Dawkins e Wilson:
Quando eles forem capazes de superar o fundamentalismo de suas próprias crenças e através do “ empirismo” ,perceberem que a relação com Deus e a fé inquebrantável neste,permitiu que após quase vinte séculos e perseguições em praticamente toda parte do mundo,o povo de Israel,pode reconstruir sua pátria,apenas 03 anos após trer sido quase destruido nas chamas do ódio e a intolerância nazistas….poderão descobrir que estão perdidos na cegueira do conhecimento,como diria o filósofo judeu ( e aparentemente agnóstico) E. Morin,”todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão” e acrescenta, “ Não se joga o jogo da verdade e do erro somente na verificação empírica e na coerência lógica das teorias”(in :"Os sete saberes necessários à Educação do Futuro" 1a.edição) . Gostaria de citar um trecho do livro “ Uma Letra da Torah”, editora Sefer, escrita pelo Rabino-Chefe do Reino Unido J.Sacks:
“ A religião judaica não é um jogo metafísico,um salto sobre o improvável.Ela é a coragem de ver o mundo exatamente como ele é,sem o conforto do mito ou da auto-piedade contida no desespero,sabendo que o mal,a crueldade e a injustiça não são inevitáveis nem insignificantes,mas que são um chamado à responsabilidade humana-um chamado que emana da própria existência.”
Não me recordo quem ,mas quando perguntado sobre uma prova da existência de Deus,teria respondido ” olhe a sobrevivência dos judeus”.Creio que numa declaração parecida o pensador russo,antes um materialista histórico,após analisar a história dos judeus , “ cujo destino me pareceu absolutamente inexplicável sob o ponto de vista materialista…sua sobrevivência é um fenômeno misterioso e maravilhoso” ,citado no livro mesmo livro do Rabino Sacks.
Porém como os sábios talmúdicos,afirmando a propriedade do livre-arbítrio declararam…” Tudo está nas mãos dos céus,exceto o temor dos Céus”
3 comentários:
Na verdade, não me inspirei em Dawkins, cujo livro não li, mas sim, e como sempre, em Krishnamurti e nas minhas próprias evoluções em torno do tema. Se às vezes pareço zombar da religião é justamente fruto daquele fervor krishnamurtiano q vc conhece: a burocracia que há em torno e as miragens que podem mesmo iludir as pessoas. Mas respeito, claro, e vou acompanhar o seu novo blog. Mas não deixe de lado a poesia! E obrigado pelo "grande poeta"; já é ótimo ser reconhecido como poeta.
Ok,creio que as observações que fiz é para zombar dos que acham ,que sua anti-religião é diferente das religiões,o que é claro não é o seu caso,pois sei da sua honestidade intelectual ao tratar do tema e da verdade de suas idéias. Somos sempre abertos a dalogar. E afinal,gostei da poesia...a poesia continua em www.risovermelho.blogspot.com e também aqui creio,a poesia de idéias.
Nilson,lembrei-me que existe um livro "Major turning points in jewish history" no qual no capítulo sobre o Baal Shem Tov,um dos maiores místicos do judaísmo, é feito um paralelo entre a vida deste com a de Krishnamurti,depois escrevo um artigo comentando. O Rabi Rami Shapiro,também ao escrever sobre grandes místicos de outras tradições também cita o mesmo Krishnamurti. O judaísmo,não se apregoa como dono da verdade absoluta reconhecendo "Justos" entre as nações da Terra.
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