quinta-feira, julho 30, 2009

FREUD E O JUDAÍSMO

FREUD E O JUDAÍSMO

Sigmund Freud

Quatro grandes idéias influenciaram profundamente a cultura ocidental nos últimos 150 - A teoria da Evolução de Darwin, A Teoria da Relatividade de Einstein,Teoria Materialista da História de Karl Marx e a Psicanálise de Sigmund Freud. Três dos quatros pensadores eram judeus. Um deles com uma relação de auto-ódio com sua condição judaica, Karl Marx, outro orgulhoso da mesma e profundamente sionista, Einstein e por fim, Freud com sentimento por vezes contraditórios, de orgulho e tentando se equilibrar na corda bamba do assimilacionismo.

Sigmund Freud (1856-1939) nasceu em uma cidade da atual Moravia e cresceu e viveram 70 anos em Viena, então capital cultural e científica da Europa Central. Seus pais, cujas famílias eram provenientes dos Guetos da Galícia, se integraram aos numerosos Ostjuden vienenses. Os Ostjuden eram de prática ortodoxa. O Avô de Freud era rabino na Galícia. Porém o pai de Freud,não se sabe ao certo abandonou a prática religiosa. O jovem Freud, no entanto estudou hebraico e sua mãe se encarregou de transmitir os valores da cultura judaica, incluindo aí o humor e o uso do iídiche.

História pitoresca: Um jovem estudante de medicina encontra-se num bonde em Viena num dia de inverno,quando um cavalheiro vienense,resolve abrir as janelas do bonde, alardeando que o “cheiro se tornara insuportável” pela presença de um membro de um povo “estranho”. O jovem Freud veste a carapuça e inicia-se uma confusão no bonde em que o estudante defende ardorosamente sua condição e está disposto a chegar as vias de fato. Não foi um episódio isolado em sua vida. No inicío de sua carreira como médico, sua clientela era exclusivamente compostas pelos judeus vienenses e sua carreira acadêmica foi marcada pelo anti-semitismo. Para receber o tão sonhado título de Professor, passaram-se mais de 20 anos da sua graduação, os intelectuais e artistas judeus, embora todas as promessas de igualdade, tiveram uma luta árdua contra a discriminação, levando muitos, antes ardorosos talmudistas a assimilação.

Para Freud, apesar de todas as amarguras da condição de pertencer a um povo desprezado e perseguido, não superava a importante herança cultura e moral fornecido pelo judaísmo. Quando o pai de um de seus mais famosos pacientes, O Pequeno Hans, lhe questionou se não seria interessante converter seu filho ao cristianismo, Freud não apenas discordou da idéia, como alegou que tal atitude o “privaria de uma reserva enorme de experiências psíquicas”. No âmbito de sua vida pessoal, embora fosse secular, e se declarasse um “judeu sem Deus”, tinha lá suas superstições, principalmente envolvendo numerologia. Embora fortemente positivista daí sua tendência ao agnosticismo, suas raízes judaicas, deixaram marcas profunda. Não se sabe se teve contato com a corrente mística do judaísmo , a Kabbalah.

Mas sentimentos contraditórios levam Freud,a tentar “desjudaizar” sua ciência, a Psicanálise, inicialmente restrita a médicos judeus,sendo até chamada de “ciência judaica” . Aproxima-se de C. G Jung,com quem mais tarde rompe. Jung foi profundamente ligado ao nazismo,embora muitos dos seus simpatizantes tentem nega-lo. Mas isto é outra história. Durante toda vida, Freud foi membro da loja judaica Bnai Brit,com freqüência fazendo palestras e participando de suas reuniões. Em sua família,embora tentasse se desvencilhar da religião,manteve uma educação fortemente influenciada pelos valores judaicos. Quando da chegada dos Nazistas ao poder,um dos endereços logo vigiados foi a casa de Freud,e após pagamento de um resgate,o velho professor abandonou Viena,após 70 anos. Os Nazistas ,preocupados com a fama internacional de Freud,exigiram-no que assinasse uma declaração de que fora bem tratado. Freud,em um último lance de humor judaico, acrescentou que até “recomendaria o tratamento” . Em Londres,minado pelo câncer conclui o seu último livro,” Moisés e o Monoteísmo”,onde sem nenhuma base histórica,defende a tese da origem egípcia de Moisés. Para muitos foi a tentativa de aliviar sua angústia perante o crescente anti-semitismo e sua condição de viver em dois mundos-ser judeu e tentar ser universal.


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