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CABEÇA DE JUDEU

Idéias,livros,histórias,personagens e religião. O Judaísmo como Civilização.

sexta-feira, outubro 30, 2009

O NOVO ANTI-SEMITISMO

Uma breve compilação sobre o anti-semitismo por alguns intelectuais da atualidade.

Philip Roth (escritor americano em entrevista ao Globo On-Line 2005):
Acha parecido o anti-semitismo dos anos 30 com o sentimento contra os islâmicos nos EUA dos dias de hoje?

ROTH: Não, de jeito nenhum. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O anti-semitismo nos anos 30 foi um fenômeno ocidental, centrado na Alemanha. Foi um fenômeno europeu e também americano. Na Europa, sabemos que nos levou para uma incrível catástrofe humana. Nos Estados Unidos, o anti-semitismo foi institucionalizado, levou à expulsão de judeus das universidades, dos empregos, das casas. A Segunda Guerra reduziu muito este tipo de discriminação, o Senado aprovou uma lei proibindo, entre outras coisas, a discriminação de judeus na hora de contratar pessoas para trabalhar. Atualmente não existe mais esse problema, a não ser em bolsões sociais. Não existe mais de maneira institucionalizada. Al Gore, quando foi candidato a presidente, tinha na chapa um vice que era judeu. Bill Clinton era rodeado de judeus. Mas nos anos 30 existia um grande problema. Eu era um garoto e vivi isso intensamente.

Mas o senhor compara o sentimento daquela época contra os judeus com o antiislamismo atual?

ROTH: Não existe comparação. Muitos dos islâmicos são anti-semitas. Eu não sei se existe um sentimento contra os islâmicos, existe um sentimento contra os islâmicos radicais, especialmente os muçulmanos politizados. Claro que existe um sentimento contra países que têm ditadores e exportam o terror, uma rejeição aos governos e às organizações terroristas desses países. Mas os judeus não têm nenhuma organização terrorista e não têm ditadores em sete, oito ou dez países no Oriente Médio. Não existe comparação entre as duas coisas. "

Luther King Jr (Pastor e líder de direitos civis americano,Prêmio Nobel da Paz,1964,assassinado em 1968 por radical racista)
"
" O anti-semitismo, o ódio do povo judeu, foi e permanece um borrão na alma da humanidade. (...) O anti-Sionista é inerentemente anti-semita, e sempre será assim. Por que isto? Você sabe que o sionismo não é nada menos do que o sonho e ideal do povo judeu de retornar para viver em sua própria terra. (... ) E que é o anti-Sionismo? É a negação ao povo judeu dos direitos fundamentais que nós reivindicamos também para os povos de África e livremente a todas nações restantes do globo. É discriminação contra os judeus, meu amigo, porque são judeus. De modo rápido, é anti-semitismo. (...) O Anti-semita exulta em toda oportunidade de exalar sua malícia. Os tempos fizeram impopular, no ocidente, proclamar abertamente ódio aos judeus. Neste caso, o anti-semita deve constantemente procurar novas fóruns e formas para seu veneno. (...) Não odeia os judeus, ele é apenas ' anti-Sionista ! "
Texto na íntegra no original

Bernard Henry-Levy (Filosófo Francês) no períodico digital New York News & Features em 2008
" O Anti-semitismo, para passar sob o radar, para tornar-se outra vez undetectável para estar em uma posição a operar-se sem ser acusado de ser anti-semitismo, suga de três fontes: Anti-Sionismo, a negação do holocausto, e competição da vítima. Deve articular o seguinte discurso: “Os judeus são um povo detestável que, primeiro, inventam e exageram seu próprio martírio” - que é negação do holocausto; em segundo lugar, “ escondem portanto , ao fazer assim, o martírio das outras pessoas ” - que é competição da vítima; e, terceiro, “realizaram este crime porque são obcecados com a defesa de um estado do assassino” - que é anti-Sionismo."
Caio Blinder ( jornalista Brasileiro )

" O anti-semitismo é uma expressão (e concretização) clássica de intolerância, preconceito e desumanização. O Holocausto foi o resultado extremo do anti-semitismo e, ironicamente, a negação (ou minimização) do genocídio do povo judeu é uma expressão da intolerância, preconceito e desumanização. Mais recentemente, irrompeu um novo anti-semitismo no qual não se nega o Holocausto, mas equipara os judeus a seus algozes nazistas em função da ocupação de territórios e do conflito de Israel com os palestinos. Nesta narrativa, Gaza é uma nova versão do Gueto de Varsóvia. Os palestinos são os novos judeus e os judeus são os velhos nazistas. Críticas às políticas de Israel obviamente não implicam automaticamente em anti-semitismo, mas o anti-semita mais moderno se esconde atrás dos seus ataques a Israel para justificar o preconceito e a intolerância. Críticas a Israel ou ao sionismo de comunidades judaicas na Diáspora (no debate sobre dupla lealdade) são especialmente rancorosas e intolerantes. Críticos removem a legitimidade do Estado de Israel (e por extensão do povo judeu) quando o equiparam à Alemanha nazista. A equivalência é falsa, serve na verdade para legitimizar o novo anti-semitismo, trivializa o Holocausto e confunde ainda mais a complexa questão palestina."

Alan Dersowitz ( jurista e escrito americano)
" É interessante como rapidamente os irracionais -- Judeus e não-judeus,igualmente -- rastejamento para fora de suas rochas sempre que Israel for mencionado. O o mais novo dogmatismo é apontar que eu e outros que apoiamos Israel rotulamos " qualquer um que critica Israel é um anti-Semita." Esta é uma mentira deslavada. Eu critico sempre políticas israelenses específicas, líderes e ações israelenses. A maioria de israelenses criticam políticas específicas. Israel está entre os países mais auto-críticos no mundo. Diversos anos há, eu ofereci uma grande concessão monetária (pagável também a OLP) para qualquer que provasse com citações de qualquer escritor proeminente pro-Israelense ,igualando a mera desaprovação de Israel com o anti-semitismo. Ninguém veio coletar a recompensa, porque nenhuma pessoa respeitável fez nunca esta reivindicação absurda. "

Saperstein ( representante do Movimento Judaico reformista e membro da Coalition to Preserve Religious Liberty )

" Negar direitos a existir de Israel como um estado judaico é anti-semita; ser crítico da política israelense não é. O judaísmo não é apenas uma religião. Como as civilizações antigas entre as quais surgiu , teve uma expressão religiosa, cultural, étnica e nacional. A identidade nacional (sionismo)tem se , após passados três milênio , ligado com a terra de Israel. Nenhum outro pessoa antes do século 19 percebeu a terra que nós conhecemos como Israel para ser sua nação distinta, mas por 3.000 anos os judeus viveram continuamente lá - e o muitos que foram negados a direita viver lá ,sonharam diariamente, rezaram e se esforçam para um dia serem permitidos retornar. De várias maneiras, esta era uma das campanhas de libertação nacional, das mais magníficas em toda a história da humanidade.
Uma expressão central do racismo é a afirmação que um grupo é inerentemente inferior a outro. Os direitos concedidos rotineiramente a um são negadas ao outro unicamente por causa da identidade. No caso dos judeus, é sua identidade como um grupo nacional que é negado por alguns - e isto é, simplesmente, um exemplo do racismo contra os judeus. O termo dado a tal racismo anti-Judaico é “anti-semitismo” (daqui o vazio da afirmação que os árabes a não podem ser anti-semitas porque são Semitas.) "
Postado por Rogério Palmeira às 11:13 AM Nenhum comentário:
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quarta-feira, outubro 28, 2009

RELATÒRIO GOLDSTONE



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Marcadores: Israel em Guerra

terça-feira, outubro 20, 2009

CONDENAÇÂO DE ISRAEL

Em mais uma dos Fora da ONU, Israel é condenado na ação militar na faixa de Gaza. Contrariando todas as evidências de que a ação foi uma reação de defesa,pois Israel vinha atacada pelos terroristas do Hamas diariamente, o relatório do Sul-Africano Richard Goldstone,acusa Israel de 'Castigo coletivo' . afirmando que Israel conduziu um "uso da força desproporcional" e impôs um castigo coletivo aos habitantes de Gaza. Onde está a desproporcionalidade ? Esqueceram dos inúmeros esforços de paz nas últimas décadas ?
Não somos favoráveis a guerra,sempre todos perdem. Mas na prática depois da guerra no Líbano em 2006,o Hizbolah não dispara foguetes na "terrinha" e após a ofensiva em janeiro,os ataques praticamente cessaram. Sem falar na Cisjordênia onde ações intensas levaram a redução quase-total de ataques. Lembremos que o estado de Israel tem a reponsabilidade de defender sua população civil. Ou só vale pensarmos em ataques terroristas quando os atingidos são americanos e europeus ?
Postado por Rogério Palmeira às 10:40 AM Nenhum comentário:
Marcadores: Israel em Guerra

TENDENCIOSIDADE OU IGNORÂNCIA

Abaixo reproduzo nota da Embaixada de Israel.

TENDENCIOSO OU IGNORÂNCIA?

Prezados,

Foi publicada hoje, 20 de outubro de 2009, no jornal Correio Braziliense, uma “notícia” que ocorreu há cinco dias sobre a visita da atriz Mia Farrow (foto abaixo) à Faixa de Gaza.

A nota, titulada de “Faixa de Gaza”, faz referência à visita da atriz e ao sofrimento das crianças na Faixa de Gaza, a destruição das cidades etc. Mas é observem bem a foto. A maioria das pessoas ao verem esta notícia no Brasil não irá saber que a pessoa na foto ao lado de Mia Farrow é o Ministro da Previdência e Assistência Social de Israel, Isaac Herzog, mostrando à visitante um “acervo” de mísseis Kassam, recolhidos por Israel, que caíram em cidades israelenses causando morte e sofrimento aos cidadãos. Obviamente, isto não foi mencionado na nota.

Este é mais um exemplo pequeno dos desafios que encontramos aqui em se tratando de imprensa.

N.B.: A foto foi tirada no dia 15 e outubro de 2009 e não no dia 05 de outubro, como publicado. Porém, isso deve ter sido erro de digitação.

Atenciosamente,

Raphael Singer

Conselheiro

Embaixada de Israel

SES Av. das Nações Qd. 809 Lote 38

Tel: (61) 21050500 / 21050507 / 21050529

Fax: (61) 21050555

http://brasilia.mfa.gov.il





Postado por Rogério Palmeira às 10:20 AM Nenhum comentário:
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quinta-feira, setembro 10, 2009

ÚLTIMO DOS JUSTOS

ÚLTIMO DOS JUSTOS

Último dos Justos, O - ANDRE SCHWARZ-BART“Vemos as luzes das estrelas Mortas”. Assim começa o romance intrigante de André Schwarz-Bart (1928-2006), “ O Último dos Justos”, vencedor do maior prêmio da literatura francesa,o prêmio Goncourt em 1959. Schwart-Bart era judeu nascido na Polônia e teve toda sua família exterminada na loucura nazista ,sobreviveu miraculosamente ( destes milagres que necessitam do auxílio das pessoas comuns de boa fé ) e juntou-se a resistência polonesa,emigrando para França após a guerra. Durante 11 anos trabalhou no livro que mistura ficção e fatos históricos, abrangendo um período de 500 anos, em que acompanha a trajetória de uma família judaica e todo o sofrimento que a acompanha. Esta família é premiada com o nascimento de um justo em cada geração, um dos 36 justos que sustentam o mundo,conhecidos como Lamed-Vav. Através da trajetória da família, testemunhamos séculos de sofrimento imposto aos judeus, principalmente pelos seus vizinhos cristãos. A existência do mal, é percebida seguidamente pelos personagens que estão em busca da presença Divina. A história se inicia com um martírio na Inglaterra medieval e após peripécias de muitas gerações,acompanha a história de Ernie Levy, o “ ùltimo dos justos” do título. A obra é inteligentemente montada e nos remete ao mesmo tempo à reflexão e ao humor. Shwarcz-Bart teve seu romance aclamado mundialmente, mas retirou-se para vida privada, escrevendo apenas outro romance( " A Mulata Solidão " ) e algumas obras em parceria com sua esposa.

A biblioteca da SIB dispõe de 02 exemplares da edição dos anos 60 da obra,que foi recentemente reeditada.

Postado por Rogério Palmeira às 7:37 AM Nenhum comentário:

quinta-feira, setembro 03, 2009

Maria e Nilson



Neste primeiro de setembro, tive a alegria de estar no lançamento do livro de poemas Caixa Preta de Nilson Galvão, amigo, poeta e irmão,cujo trabalho acompanho desde seus primeiros poemas ,lá na adolescência. Nesta data houve o lançamento do livro de Maria Sampaio, Continhos para cão dormir I,ambos pela P55 Edições ,capitaneada por Claudius Portugal. Os livros fazem parte da Coleção Cartas Bahianas, tem um tratamento editorial belíssimo e são gostosos de ler.

A fota aí de cima foi retirada do blog de Nilson, Blag.





Postado por Rogério Palmeira às 9:21 AM Nenhum comentário:

domingo, agosto 30, 2009

EINSTEIN E SPINOZA- UM DIÁLOGO



Einstein descreveu em suas Notas Autobiográficas ,que recebeu lições religiosas dos 11 aos 12 anos de um familiar. Pela primeira vez na vida ele aprendeu sobre a fé judaica e a abraçou ao extremo: queria seguir o Kashrut e estudou a Bíblia com fervor,o que deve ter preocupado seus pais assimilados e não-religiosos. Este fervor no entanto durou pouco,assim que ganhou um livro de ciência, o entusiasmo inicial se dissipou. O resto da história conhecemos um pouco,sua notável carreira como cientista.

Einstein no entanto progressivamente reganhou um orgulho e respeito pela identidade judaica. Em 1914,ao se convidado a visitar a Rússia rejeitou,alegando que neste país “ os judeus são brutalmente perseguidos”. Logo descobriu que a herança judaica o definiria aos olhos dos europeus. Isto aumentou o seu orgulho de sua condição judaica. E embora tenha recebido muios ataques devido a sua condição de judeu,isto só fez aumentar seu orgulho e Einstein passou mais e mais a discutir assuntos judaicos e participar de campanhas sionistas. Embora sua relação com o judaísmo tenha se incrementado com o passar dos anos,nunca se tornou observante,porém declarou que se tivesse nascido nas pequenas cidades da Europa Oriental,teria se tornado um Rabino- os desafios intelectuais da tradição judaica o teriam satisfeito como fez a ciência. Aqui encontramos o encontro com o filósofo Judeu de origem português Baruch Spinosa ( 1632-1677),que Einstein declarou ser seu filósofo favorito. Ambos eram judeus respeitados ,educados e intelectualizados, e com treinamento na mentalidade científica. Os pontos de vistas de Spinoza sobre D'us atraiam Einstein: Em 1929 em resposta ao rabino Herbert S. Goldstein,de Nova York, escreveu “Acredito no D'us de Spinoza que se revela na Harmonia ordenada do que existe...” A ideia de D'us para Einstein era assim relacionada a de Spinoza. Spinoza não acreditava em um D'us pessoal,mas que a Natureza era Ela Mesma uma manifestação do Divino-um conceito conhecido como Panteísmo. Einstein às vezes era ambíguo sobre esta noção: “ Não sou um ateu,mas penso que não posso me denominar panteísta. Sou fascinado pelo panteísmo de Spinoza,mas admiro ainda mais suas contribuições para o pensamento moderno,porque ele foi o primeiro filósofo a lidar com a Alma e Corpo como uma coisa só e não duas”.

Para conhecer melhor este diálogo entre duas das maiores mentes judaicas de todos os tempos ( embora extremamente mal compreendidos),que estou ansioso para conhecer o livro “Deus ou seja Natureza”,do nosso amigo Roberto Ponczek,cujo lançamento se aproxima- 03 de setembro. Ponczek se debruçou por cerca de 06 anos para nos brindar com esta reflexão. Certamente Spinoza ganha uma importante oportunidade para esclarecer suas idéias e Einstein a de ser menos incompreendido. Um diálogo de amigos separados no tempo por 03 séculos,mas próximos na discussão de assuntos sobre D'us,o tempo e a natureza.

Postado por Rogério Palmeira às 10:44 AM Nenhum comentário:

quinta-feira, agosto 13, 2009

A bandeirinha e a Razão de Ser.


Certo dia colei um, adesivo com a bandeira de Israel no meu carro e uma amiga me disse que era “coisa de goy”. Na época fiquei meio desconsertado, mas mantive a bandeirinha. Hoje, quase 02 anos depois, apagada a bandeirinha, senti falta da mesma e refleti um pouco sobre o episódio. O quanto da identidade judaica na diáspora pode estar dissociado da existência do Estado de Israel? O pensador Judeu-britânico Isaiah Berlin era um defensor visceral da identidade judaica e se questionava do que adiantava se julgar judeu se isto não estiver aliado à defesa do direito de existência de Israel? Claro, que isto não implica na defesa do governo, que numa sociedade democrática, é transitório, como, aliás, deve ser.

Cito um trecho de o seu livro Poder of. Ideas: “O futuro dos Judeus reside no Estado de Israel. O valor da diáspora consiste somente, portanto, na quantidade de apoio que pode oferecer ao novo Estado, ainda confrontado com muitos perigos. Enquanto as comunidades judaicas fora de Israel servirem para apoiar Israel tem uma razão se ser.”.

Penso que a minha bandeirinha simboliza a disposição de cumprir tal razão de ser.
Encomendei outra.


ROGÉRIO PALMEIRA
Postado por Rogério Palmeira às 2:50 PM Nenhum comentário:

quinta-feira, julho 30, 2009

FREUD E O JUDAÍSMO

FREUD E O JUDAÍSMO

Sigmund Freud

Quatro grandes idéias influenciaram profundamente a cultura ocidental nos últimos 150 - A teoria da Evolução de Darwin, A Teoria da Relatividade de Einstein,Teoria Materialista da História de Karl Marx e a Psicanálise de Sigmund Freud. Três dos quatros pensadores eram judeus. Um deles com uma relação de auto-ódio com sua condição judaica, Karl Marx, outro orgulhoso da mesma e profundamente sionista, Einstein e por fim, Freud com sentimento por vezes contraditórios, de orgulho e tentando se equilibrar na corda bamba do assimilacionismo.

Sigmund Freud (1856-1939) nasceu em uma cidade da atual Moravia e cresceu e viveram 70 anos em Viena, então capital cultural e científica da Europa Central. Seus pais, cujas famílias eram provenientes dos Guetos da Galícia, se integraram aos numerosos Ostjuden vienenses. Os Ostjuden eram de prática ortodoxa. O Avô de Freud era rabino na Galícia. Porém o pai de Freud,não se sabe ao certo abandonou a prática religiosa. O jovem Freud, no entanto estudou hebraico e sua mãe se encarregou de transmitir os valores da cultura judaica, incluindo aí o humor e o uso do iídiche.

História pitoresca: Um jovem estudante de medicina encontra-se num bonde em Viena num dia de inverno,quando um cavalheiro vienense,resolve abrir as janelas do bonde, alardeando que o “cheiro se tornara insuportável” pela presença de um membro de um povo “estranho”. O jovem Freud veste a carapuça e inicia-se uma confusão no bonde em que o estudante defende ardorosamente sua condição e está disposto a chegar as vias de fato. Não foi um episódio isolado em sua vida. No inicío de sua carreira como médico, sua clientela era exclusivamente compostas pelos judeus vienenses e sua carreira acadêmica foi marcada pelo anti-semitismo. Para receber o tão sonhado título de Professor, passaram-se mais de 20 anos da sua graduação, os intelectuais e artistas judeus, embora todas as promessas de igualdade, tiveram uma luta árdua contra a discriminação, levando muitos, antes ardorosos talmudistas a assimilação.

Para Freud, apesar de todas as amarguras da condição de pertencer a um povo desprezado e perseguido, não superava a importante herança cultura e moral fornecido pelo judaísmo. Quando o pai de um de seus mais famosos pacientes, O Pequeno Hans, lhe questionou se não seria interessante converter seu filho ao cristianismo, Freud não apenas discordou da idéia, como alegou que tal atitude o “privaria de uma reserva enorme de experiências psíquicas”. No âmbito de sua vida pessoal, embora fosse secular, e se declarasse um “judeu sem Deus”, tinha lá suas superstições, principalmente envolvendo numerologia. Embora fortemente positivista daí sua tendência ao agnosticismo, suas raízes judaicas, deixaram marcas profunda. Não se sabe se teve contato com a corrente mística do judaísmo , a Kabbalah.

Mas sentimentos contraditórios levam Freud,a tentar “desjudaizar” sua ciência, a Psicanálise, inicialmente restrita a médicos judeus,sendo até chamada de “ciência judaica” . Aproxima-se de C. G Jung,com quem mais tarde rompe. Jung foi profundamente ligado ao nazismo,embora muitos dos seus simpatizantes tentem nega-lo. Mas isto é outra história. Durante toda vida, Freud foi membro da loja judaica Bnai Brit,com freqüência fazendo palestras e participando de suas reuniões. Em sua família,embora tentasse se desvencilhar da religião,manteve uma educação fortemente influenciada pelos valores judaicos. Quando da chegada dos Nazistas ao poder,um dos endereços logo vigiados foi a casa de Freud,e após pagamento de um resgate,o velho professor abandonou Viena,após 70 anos. Os Nazistas ,preocupados com a fama internacional de Freud,exigiram-no que assinasse uma declaração de que fora bem tratado. Freud,em um último lance de humor judaico, acrescentou que até “recomendaria o tratamento” . Em Londres,minado pelo câncer conclui o seu último livro,” Moisés e o Monoteísmo”,onde sem nenhuma base histórica,defende a tese da origem egípcia de Moisés. Para muitos foi a tentativa de aliviar sua angústia perante o crescente anti-semitismo e sua condição de viver em dois mundos-ser judeu e tentar ser universal.


Postado por Rogério Palmeira às 9:17 AM Nenhum comentário:
Marcadores: História, Sábios E Heróis

quarta-feira, julho 08, 2009

A POLÊMICA DOS KHAZARES


O Poeta e filósofo medieval espanhol ,Yehuda HaLevy,relata em sua obra ," O Khuzari", a história da conversão do rei Bulam dos Khazares ao judaísmo,depois de ter debatido com representantes dos judaísmo,islã e cristianismo. Outra versão cita um sonho místico do rei que o teria inspirado. Nesta oportunidade,em pleno século VIII da Era Comum (E.C.) grande parte da população-principalmente a elite- acompanhou o rei e pela primeira vez,desde a queda de Jerusalém no ano 70 da E.C., o mundo teve um estado judeu,fato que só se repetiria após mais de mil anos com o advento do estado de Israel. A partir daí a história dos Khazares povoa o imaginário em torno dos judeus de origem askhenazi.
Seriam os ashkenazim descendentes do povo Khazar ?
O Reino de Khazaria ficava na Europa Oriental,na região da atual Criméia,ao sul tendo o mar Cáspio e Negro até sul da Ucrânia e da Bulgária ao norte, o antigo reino dos Magiares (húngaros) a oeste, encontrando-se espremido entre uma grande massa de Reinos cristãos e islâmicos. Com a notícia,houve naturalmente grande migração de judeus de outras regiões próximas para Khazaria. Porém no século X,a dinastia judaica de Khazaria entrou em declínio após ataques principalmente dos russos ,magiares e turcos; os judeus de Khazaria se dispersaram. Alguns entre os quais o escritor judeu Arthur Koestler,em seu livro " A 13a. Tribo",defende a idéia que os judeus askhenazim surgiram justamente do deslocamento deste refugiados khazares para a Europa Central. Isto explicaria,segundo o mesmo o componente caucasiano nesta população. Outros discordam-a maioria . Para eles os Khazares teriam sido absorvidos pelos ashkenazim da Hungria ,pelos sefaradim do Irã e parte pela população russa que ocupou a região progressivamente. A inexistência de palavras turcas no yiddish é utilizado como argumento para o furo da teoria dos Khazares. No entanto não há evidências de que esta fosse a língua dos Khazares,embora estes fossem etnicamente parecidos com os turcos e consequente diferentes dos ashkenazim. Não resta mais dúvida sobre a veracidade da histórica dos khazares, muitos artefatos mostrando uma presença judaica na região da Criméia vem sendo encontrados; datados dos séculos VIII a X. Porém parece haver uma tendência de utilização da história com objetivos obscurantistas.E o livro de Koestler acabou fornecendo muito material para os fascistas. Os anti-semitas usam o relato dos Khazares para disseminar teorias conspiratórias sobre os judeus ( que teriam primeiro dominado Khazaria, articulado a revolução russa e por aí vai... ). A mesma história é utilizada para acusar que os judeus europeus não são descendentes dos primeiros hebreus e portanto não teriam qualquer direito a Terra Prometida. De outro lado os defensores dos Khazares argumentam que o miscigenação dos Khazares, dos conversos europeus ao longo da história e mesmo os frutos de estupros sofridos durantes os inúmeros pogrons,explicam a grande diversidade genética dos judeus,embora em 75% exista marcadores genéticos de pelo menos 03 mães-primordiais ( 03 das 04 matriarcas ? ), o que confirma uma origem semita do grupo. A influência genética Khazar está diluída neste caldeirão e ao contrário do que se imagina, o maior componente é encontrado em cromossomos Y,o que denota origem paterna.
A polêmica dos khazares promete aumentar nos anos vindouros a medida que arqueólogos russos vão descobrindo mais evidências dos Khazares- a antiga capital foi descoberta em 2008- e os islamistas vão crescendo o seu poder de influência sobre os fascistas e racistas de plantão e tambem entre os puristas que tentam negar a origem multi-étnica do moderno povo judeu.



Para Ler mais:
1.O Mistério dos Khazares - Revista Morashá. Abril 2000,Ed.28 - Página2
2.O mito dos khazares e o novo anti-semitismo
Por: Steven Plaut * in http://www.visaojudaica.com.br/Junho2007/artigos/19.html
3.Os Khazares - a 13ª Tribo e as Origens do Judaísmo Moderno. 2005. Ed Relume Dumará
4.The Khazars. In http://www.imninalu.net/Khazars.htm
5.American Center of Khazar Studies . http://www.khazaria.com/

Na próximo post: Freud e o Judaísmo.
Postado por Rogério Palmeira às 3:26 PM Nenhum comentário:
Marcadores: Anti-semitismo, História

sábado, fevereiro 28, 2009

Homens Sábios e suas Histórias

 

Li recentemente o livro de Elie Wiesel, que retrata histórias dos mestres da Bíblia,do Talmud e do Hassidismo,cujo nome é o título deste post. Livro belissímo,muito instrutivo,mas ao mesmo tempo instigante,pois nos apresenta questionamentos e respostas,seguidas de novas perguntas. Um bom exercício intelectual acompanhar Wiesel por seus passeios.

Elie Wiesel,judeu nascia em uma pequena cidade de Sighet,hoje na atual Romênia,à época Hungria,em 1928, ainda menino foi levado ao campo de Concentração. A experiência é relatada no livro “ A Noite”,cuja leitura inquietante nos leva ao testemunho do Mal Encarnado e do quão sombrio o ser humano pode ser. O estraçalhamento das pessoas nos campos de morte nazistas,de seus mais básicos direitos,de sua humanidade. O coração e alma de Wiesel experimentam a “Noite”. Talvez o que algum místico tenha chamado a “ Terrível Noite da Alma “.

“ O Terror era mais forte que a fome” ,Wiesel escreve. Mais adiante relata- “ a Noite avançava. De todos os blocos,outros prisioneiros continuavam a  afluir,capazes,repentinamente ,de vencer o tempo e o espaço,de submetê-los à sua vontade. ‘ O que és Tu,meu Deus’,eu pensava com raiva,” comparado  a essa massa dolorida que vem gritar a Ti,sua fé,sua raiva,sua revolta ? O que significa Tua grandeza,Mestre do Universo,diante de toda essa fraqueza,diante dessa decomposição e dessa podridão ?” Por que ainda pertubar seus espíritos doentes,seus corpos enfermos ?”. E lamenta não apenas a dor da destruição física e moral, a ignomínia a que povo judeu foi submetido, mas ao extermínio de um modo de viver, a vida nos Sthetls da Europa Central e Oriental. “ A Noite”, é um livro de menos de 120 páginas muito denso e pesado. Ao tocar sua palavras sentimos a dor de quem escreveu.

Outro livro de Wiesel, “ Almas em Fogo”, relata a vida dos primeiros mestres do Hassidismo,suas histórias,sua devoção simples e apaixonada. Neste livro percebe-se ainda a dor da perda do modo simples de vida nas cidades e aldeias da Europa,sua alegria,mesmo em  meio a repressão e desconfiança,que os cercava. Sentimos a saudade de Wiesel desta época.

Em “ Homens sábios e suas histórias”, encontramos um Elie Wiesel,mais leve,porém não menos desafiador. Inicia sua jornada com o maior comentarista da Bíblia,Rashi, que viveu no norte da França e na Alemanha. Um curioso caso de erudito não-profissional ( Rashi, vivia como vinicultor),que era um respeitado Rabino e grande mestre do judaismo. “ O que diz Rashi ? “, Wiesel se pergunta,quando estuda algum trecho difícil do Talmud ou da Bíblia. Ficamos sabendo também que após a guerra,Wiesel,continua seus estudos talmúdicos ,interrompidos pela Shoah,que passou semanas estudando um único versículo, até chegarem a compreensão do mesmo. E desfilam então vários personagens, Abraão,Sara e Agar,as disputas domésticas e a separação da família tentando evitar mais  conflitos. Um midrash :os Irmãos Isaac e Ismael se reunem na tumba de Abraão: “ A União dos irmãos junto a sepultura paterna também nos recorda uma verdade que muitas gerações tendem a esquecer: Isaac e Ismael-ambos-são filhos de Abraão.”  Outro momento,refletindo o episódio de Sodoma e Gomorra comenta ,rementendo fontes midráshicas,sobre o como a compaixão era uma afronta a lei destas cidades, e como uma moça foi punida por demonstrar compaixão por um estrageiro. Deus ouve o clamor da jovem “ sede meu Juiz e de Sodoma” “ Gosto de pensar que, quando uma vítima,qualquer vítima sente dor,Deus escuta. Quando uma pessoa,qualquer pessoa é torturada,Deus resolve fazer justiça “.

São perguntas e mais perguntas,belas e emocionante histórias,sempre novos questionamentos,olhamos o mesmo relato por tantos ângulos que saímos enriquecidos. Elie Wiesel sempre manteve como preocupação os temas do anti-semitismo e do genocídio,alertando as novas gerações os perigos que sempre rondam as civilizações e acabam em tragédias de proporções gigantescas.  Comprometido com as causas do povo judeu,sempre apoiou ao Estado de Israel,envolveu-se no apoio aos  imigrantes judeus etíopes,criando um centro educacional, a causa dos judeus da antiga União Soviética e  mais recentemente luta contra o massacre em Darfur. Em 1986 Elie Wiesel é laureado com o Prêmio Nobel da Paz,após o qual estabelece a Elie Wiesel Foundation for Humanity com a missão de  “ combater a indiferença, a intolerância e a injustiça”. Os esforços da fundação recentemente foram  atrapalhados pela fraude envolvendo a Bernard Madoff Investment Securities,onde a fundação tinha cerca de 15 milhões de dólares investidos.

Para saber Mais:

Museu Americano do Holocausto

Biografia

Nobel Archive in Internet

Foto: Wiesel( a dir.) com Ytzhak Rabin.

Postado por Rogério Palmeira às 7:40 PM Nenhum comentário:
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Quem sou eu

Rogério Palmeira
Salvador, Brazil
Sou médico,atuando nas áreas de Medicina Interna e Neurologia; pós-graduação em neuropsicologia. Fui professor substituto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia,nas disciplina de Propedêutica Clínica Médica. Sou casado com Mari ,tenho 05 filhas!Ufa!.Meus Interesses são judaísmo, pensamento e ética judaica.Além,é claro,de cinema,literatura,etc,etc
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